"My Movie Tracks" - A Year of Celluloid Insanity

Hoje é a vez de serem as escolhas do Top10 do "My Movie Tracks" do Ozpinhead do blog A Year of Celluloid Insanity.

Fica aqui então o Top10 dele.

(AVISO: O texto e/ou os links, poderão ter spoilers)

TOP 10 - "My Movie Tracks"

Quando o convite surgiu no blogue da Gema, a dificuldade foi escolher apenas dez filmes. Em poucos minutos já tinha redigido uma lista com 30-40 obras, todos contendo músicas indelevelmente associadas na minha mente ao respectivo filme em que foram utilizadas. Porquê estes dez? Bom, apesar da Gema não ter indicado este tipo de directiva, decidi escolher apenas músicas com uma existência prévia ao filme, numa forma ou outra, ou com uma existência comercial independente após a sua utilização no filme.

10- "V de Vingança" (V for Vendetta); 2006; James McTeigue

"Cry Me a River" - Julie London
Cry Me a River in V for Vendetta parece uma escolha estranha, mas adoro aquele momento doméstico entre V e Evey ao som desta canção em fundo.

9- "Moulin Rouge!" (Moulin Rouge!); 2001; Baz Luhrmann
"El Tango de Roxanne" - Cover dos Police

El Tango de Roxanne. Principalmente pela surpresa em ouvir uma cover da canção dos Police usada daquela forma. O filme repete isso com outras canções, mas esta para mim foi a melhor. Quer pela adaptação musical em si, quer pela encenação.

8- "Donnie Darko" (Donnie Darko); 2001; Richard Kelly

"Mad World" - Gary Jules
Mad World em Donnie Darko deixa-me completamente de rastos. O filme tem uma banda sonora sensacional, mas esta canção, juntamente com aquele lento traveling sobre os rostos da família de Donnie é dilacerante. Por mais vezes que reveja a cena, os olhos ficam-me sempre húmidos.

7- "O Silêncio dos Inocentes" (The Silence of the Lambs); 1991; Jonathan Demme

"Goodbye Horses" - Q. Lazzarus
Que dizer sobre “Goodbye Horses”? Ouvi-la ao mesmo tempo em que assistimos ao Ted Levine como o serial killer Buffalo Bill, a dançar em pelota com a genitália metida entre as pernas, foi um bilhete automático para a imortalidade. Uma cena de referência para muitos outros filmes, nomeadamente em Clerks II.

6- "Estrada de Fogo" (Streets of Fire); 1984; Walter Will

"Nowhere Fast" - Fire Inc.

Seleccionar a música para o Streets of Fire não é tão fácil assim. O Jim Steinman, um dos compositores mais geniais da sua geração, escreveu duas canções para este filme através da sua banda Fire Inc. Ambas são brilhantes e ainda hoje estão entre as minhas canções favoritas. A minha escolha acaba por ser “Nowhere Fast”, pois corresponde à introdução da personagem Ellen Aim no filme. É uma inesquecível sequência de Rock & Roll, ver uma Diane Lane absolutamente deslumbrante a cantar em playback esta canção. Deixo-vos o link também para a outra canção “Tonight Is What It Means to Be Young” no caso de não a conhecerem ou o filme.

5- "Uma Mulher de Sonho" (10); 1979; Blake Edwards

"Bolero" - Ravel

Quanto ao Bolero de Ravel, devo confessar que o filme 10 não é a primeira coisa com que a associo. A primeira vez que ouvi esta obra musical foi na televisão. Ainda hoje não sei que programa era aquele e desde já agradeço se alguém identificar. A música era acompanhada por uma animação que segundo me recordo parecia representar a evolução da vida na terra, com criaturas a transmutarem-se noutras numa inexorável caminhada pelo planeta. Lembro-me ainda de outro segmento de animação com um gato e música de Debussy? Para efeito desta iniciativa, o 10 serve muito bem, pois para muitos foi o primeiro contacto com esta música. É talvez a cena mais famosa do filme, quando a Bo Derek defende que fazer amor ao som do Bolero de Ravel torna a experiência ainda mais agradável. Pessoalmente nunca experimentei, pela simples razão que não acho nada sexy surgir-me na mente a imagem do Dudley Moore durante o acto sexual (o horror, o horror). Quanto aos leitores mais inexperientes nas artes sexuais, que ao ler esta iniciativa fiquem com a ideia de usar o Bolero para melhorar a performance e impressionar a namorada, provavelmente fariam melhor em abster-se de o fazer. É que o raio da coisa tem 16 minutos, e convenhamos que para uma primeira vez, esses 16 minutos podem tornar-se numa eternidade. Portanto, o tiro pode sair pela culatra quanto a impressionarem a rapariga com os vossos dotes sexuais, se acabarem antes do final da música. Se isso acontecer, lembrem-se que a humilhação é tanto maior quanto maior for o tempo de espera até a música acabar. Já imaginaram gramar 12 ou 14 minutos daquilo, num silêncio constrangedor entre os dois? É melhor escolher uma musiquinha mais curta.

4- "Apocalypse Now" (Apocalypse Now); 1979; Francis Ford Coppola
"Suzie Q." - Dale Hawkins

A minha quarta escolha poderá surpreender algumas pessoas. Tenho a certeza que a maioria, quando pensa em Apocalypse Now, imediatamente associa a Cavalgada das Valquírias da sequência do ataque com os helis, ou a música dos Doors. Por várias razões, eu associo essas músicas com outros eventos. A canção que quando a ouço, imediatamente associo a este filme, é Suzie Q do segmento das playmates da Playboy. É mais uma cena inesquecível entre tantas outras do filme. Não sei se é uma questão hormonal, mas é a minha escolha, e uma penosa lembrança que o Coppola devia mas é ter ficado quieto e não ter regurgitado aquele Redux. Simplesmente não se deveria ter arruinado a fantasia das playmates, e a sua intangível perfeição.

3- "Excalibur" (Excalibur); 1981; John Boorman

"Siegfried's Funeral March" - Richard Wagner

A terceira música tem lugar cativo em qualquer top 10 de bandas sonoras. Tenho o cd do Crepúsculo dos Deuses de Wagner por causa deste trecho específico e por causa deste filme, e até nem sou grande apreciador de ópera. Já não vejo o Excalibur há algum tempo, mas acho que partes da Marcha Fúnebre de Siegfried são usadas várias vezes durante o filme. Claro que o apogeu surge no final, um casamento perfeito do som e imagem. A sinergia das duas. É difícil imaginar outra música a ser utilizada para aquela sequência final. O impacto da banda sonora num filme é claramente evidente aqui.

2- "Estranhos Prazeres" (Strange Days); 1995; Kathryn Bigelow

"Hardly Wait" - Juliette Lewis

Quanto à minha segunda escolha, devo confessar que sou um fã de PJ Harvey. Logo à partida, o uso de música dela é sempre bem vindo. Assim, quando a Juliette Lewis, que caso não saibam também canta profissionalmente com uma banda, pega numa demo da Harvey e a transforma numa cover absolutamente fenomenal através das lentes da Kathryn Bigelow, temos uma inesquecível introdução de uma personagem num filme relativamente subvalorizado.

1- "xXx" (xXx); 2002; Rob Cohen

"Feuer Frei!" - Ramstein
Passo então a explicar as minhas escolhas específicas, e começo por um filme que a meu ver é um dos grandes filmes de acção do novo milénio. Quando xXx surgiu nas salas de cinema, foi uma lufada de ar fresco num género de espionagem/acção/aventura que estava demasiado dependente dos livros de Ian Fleming. Xander Cage era um novo James Bond para uma nova geração. É um filme feito exclusivamente para uma audiência cheia de testosterona, sem qualquer tipo de compromisso, tornando-o um filme bastante honesto. Digam o que quiserem do filme e dos seus defeitos, mas como puro entretenimento, poucos o conseguem superar. O filme tem uma energia quase ilimitada, e a canção “Feuer Frei” que acompanha a sequência inicial dá o mote para o que se segue, com o bónus de incluir a participação dos próprios Rammstein nessa sequência.

ATENÇÃO: Para verem os videos, clicar no nome da canção/música.

O que acham vocês das escolhas do Ozpinhead?